Sandman: Prelúdios e Noturnos (Edições de 1-8)

1.9.13

[caption id="attachment_137" align="aligncenter" width="420"]Capa da primeira edição, Sleep of the Just Capa da primeira edição, Sleep of the Just[/caption]


I will show you fear in a handful of dust.


T. S. Eliot


Não contém spoilers.


Dei uma pausa no League of Legends, que basicamente está consumindo todo o meu tempo livre, confesso, para ler... rufem os tambores: Sandman! Sim, finalmente tomei vergonha na cara e fui ler esse clássico do Neil Gaiman. Mas calma, eu não li tudo ainda, até porque tem muita coisa lançada sobre esse universo! Mas o pouco que eu li já me deixou bem feliz.


É bom dizer que esse é praticamente o meu primeiro contato com o Gaiman escritor de quadrinhos. Até então, as únicas coisas que eu conhecia dele eram Coraline (que é muito legal, tanto o livro quanto o filme!), Stardust (eu não tenho certeza se eu li o livro também ou só vi o filme mesmo, mas curti) e Beowulf, aquela animação meio "ok" de 2007, lembram? Mas só o Coraline já me deixou com vontade de conhecer outras obras do cara e especialmente Sandman, por causa das capas incríveis de Dave McKean – a capa do Coraline também é dele! Então aproveitei esse fim de semana para ir atrás dos quadrinhos.


[caption id="attachment_138" align="alignright" width="200"]sandman_1_3 clique para ampliar[/caption]


Sandman foi publicado originalmente em 1988, pela DC, chegando ao seu fim em 1996, já pela Vertigo, totalizando 75 edições. A ideia teria surgido a partir do próprio Gaiman, que se interessava em reviver o personagem Sandman dos quadrinhos dos anos 70 da DC, um super-herói que usava uma máscara de gás – referenciado no elmo usado por Sonho – para se proteger do gás que soltava em criminosos para fazê-los dormir. Porém, a versão do escritor acabou se distanciando bastante do personagem original. Na verdade, são personagens diferentes: o Sandman do Gaiman atende mais comumente pelo nome de Sonho. Ele é um Perpétuo, ou seja, uma entidade, responsável pelos sonhos da humanidade e no começo da história é capturado no lugar da Morte e mantido em cativeiro por um líder ocultista que deseja porder e imortalidade. Ele consegue escapar e precisa reencontrar suas ferramentas, que lhe foram roubadas, para recuperar seu poder. Essa é a trama que envolve as oito primeiras edições do quadrinho, o primeiro arco, por assim dizer, entitulado "Prelúdios e Noturnos".


Como o próprio título sugere, nesse prelúdio de Sandman, vamos encontrar um pouquinho de tudo, imagino, do que vem por aí. Não só somos apresentados ao personagem principal, o Sonho – que tem uma certa semelhança física com o próprio Neil Gaiman –, como também tomamos conhecimento de alguns coadjuvantes que voltarão nas edições seguintes, assim como nos familiarizamos com o universo onde se passa a história, a arte e a linguagem do autor.


Quando eu comecei a ler, achei que seria algo independente da DC, que não conversasse com os outros personagens da editora, mas estava bem enganada. A história se passa dentro do universo DC e Sonho acaba interagindo com alguns de seus personagens como Cain e Abel, Dr. Destino, o Espantalho e John Constantine. Mas você não precisa conhecer muito sobre eles para entender a história, meu conhecimento sobre universo DC é nulo, esse é o primeiro quadrinho da editora que eu leio (mentira, li Watchmen), mas, mesmo assim, foi fácil de entender a história. É claro que as referências mais obscuras à personagens antigos como os próprios irmãos Cain e Abel, ao Sandman original ou ao Mr Miracle, eu só consegui pegar com a ajuda de um guia, mas vamos chegar lá.


sandman_1_4A arte fica por conta de Sam Kieth e Mike Dringenberg e é muito bacana. Ela tem aquela carinha de quadrinho antigo, mas eu gosto bastante do visual e, principalmente, do design do Sonho. Imagino que se fosse lançada hoje, ela seria muito mais gráfica e visualmente mais violenta também, mas não acho que ela esteja datada por isso, a arte ainda é muito bonita e bem feita.


A história do Sandman, por si só, é muito legal e Neil Gaiman já me conquistou aí, mas, tem uma coisa que eu achei espetacular nesse quadrinho e que eu não tinha visto em nenhum outro até então. Estou me referindo às referências escondidas dentro da obra. Neil Gaiman é um gênio, o cara consegue contar bem uma história e ainda incluir referências à mitologia grega, à história mundial, à cultura pop, com livros, filmes e músicas, e à literatura clássica. É maravilhoso! É uma delícia ler e ir pegando as referências no caminho. Para aquelas que inevitavelmente você vai deixar passar, tem um guia, que explica tudinho e faz você idolatrar ainda mais Neil Gaiman por sua inteligência e suas sacadas.


Cada uma das oito edições parece se concentrar em um tema específico. A primeira traz várias referências à história mundial; a segunda, ao universo DC antigo; a terceira, à música; a quarta, ao inferno, principalmente Dante; a quinta volta ao universo DC; a sexta tem como tema os instintos humanos; a sétima, chamada Som e Fúria, tem muita referência ao teatro, com Shakespeare, Sófocles, e Fausto; e o tema da oitava eu não vou revelar para não dar spoilers. Dessas edições, eu gostei muito da edição quatro, chamada Uma Esperança no Inferno, que mostra a viagem de Sonho para o inferno para recuperar uma de suas ferramentas, muito legal mesmo. Depois, a oitava edição, O Som de Suas Asas, e a edição três, em que aparece John Constantine, chamada Dream a Little Dream of Me, foram as mais interessantes. Aliás, nunca tinha lido nada com o John Constantine, adorei o personagem e espero vê-lo mais vezes nos próximos volumes.


sandman_1_1Ao fim desse primeiro arco, fica a expectativa sobre o que virá depois, já que a história acaba num ponto de recomeço, onde tudo é possível. Estou bastante curiosa para saber como continua essa história e devo começar o segundo arco, chamado Casa de Bonecas logo menos.


Atualmente, a Panini está lançando uma edição definitiva de Sandman simplesmente de babar, ela é organizada em quatro grandes volumes (dos quais três já foram lançados), encadernados, de capa dura, envoltos por uma caixa firmeza, com uma impressão muito boa, nova coloração – aprovada por Gaiman – e com vários extras como esboços de personagem e coisas assim. Eu não tive chance de ler essa versão por questões financeiras, já que apesar de incrível, ela é meio carinha. De qualquer forma, ela tem as primeiras 20 edições da história e está voltando para as livrarias junto com o volume 3, já que ela estava esgotada até então. Quem tiver condições, vale a pena correr atrás, é uma coleção que eu gostaria muito de ter na minha estante.

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