Andei pesquisando um pouco sobre as novas séries da fall season desse ano e separei algumas pra acompanhar. Essa semana pude conferir duas novas séries, a comédia Brooklyn Nine-Nine, que eu não achei nada muito incrível, pra ser honesta, e o drama Sleepy Hollow, da Fox. Essa série me chamou a atenção por duas razões: primeiro, eu acho super divertido o filme A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999), dirigido por TIm Burton. Eu adoro o personagem do Johnny Depp no filme, Ichabod Crane; e, em segundo lugar, por ter achado a proposta curiosa, já que a ideia dessa série, que se baseia vagamente no conto original de onde surgiu essa história, escrito por Washington Irving, é trazer a história para os dias atuais.

A história começa com um flashback de Ichabod Crane (Tom Mison) em meio a uma operação militar comandanda por George Washington em 1781. Nessa batalha, ele acaba em confronto com um soldado imenso e absurdamente forte. Adivinhem? Sim, o Cavaleiro. Ele acaba decapitando o sujeito mas acaba sofrendo um ferimento mortal, que o leva a morte. Anos depois, a tenente Abbie Mills (Nicole Beharie) e seu parceiro, o sherife Corbin, estão atendendo um chamado a uma fazenda. No local, não apenas encontram o fazendeiro decapitado como o próprio Cavaleiro, que acaba matando Corbin. Ao mesmo tempo, nos arredores da cidade, Ichabod volta a vida, deixando seu túmulo e logo entrando em conflito com a polícia, sendo preso. Aí segue aquela sequência típica de histórias que lidam com viajantes do tempo em que ninguém acredita no sujeito, exceto por Abbie, que por ter visto o Cavaleiro (ainda que não acredite em seus próprios olhos), acaba se aliando a Ichabod para tentar entender o que está acontecendo na cidade.

E assim o episódio piloto segue, apresentando mais detalhes sobre os personagens e o mistério do Cavaleiro. O problema é que, ao final do episódio, a impressão que se fica é que os criadores da série (Alex Kurtzman, Roberto Orci, Phillip Iscove, Len Wiseman) estão atirando para todos os lados pra conseguir nos convencer de que essa série vai ser interessante. A começar pela história, de repente o Cavaleiro sem Cabeça se torna um dos quatro cavaleiros do apocalipse – a Morte – e Ichabod e Abbie como aqueles destinados, como descrito na Bíblia, a conter o mal e salvar o planeta da destruíção. Hum.... ok. Já no primeiro episódio um dos policiais colegas de Abbie se revela como um dos seguidores do Cavaleiro sem Cabeça soltando ameaças do tipo "não há nada que você possa fazer para detê-lo" e coisas cafonas do tipo. Abbie, a tenente, revela, já no piloto, ter sofrido uma experiência sobrenatural na infância, indicando que ela tem "poderes" que vão além da sua astúcia, haha, para solucionar crimes. Durante o episódio, inclusive, Abbie acaba encontrando arquivos secretos sobre ocultismo de seu colega assassinado e mergulhando nesse universo, descobrindo que ela está mais envolvida com o sobrenatural o do que imaginava. Hum... ok. Também descobrimos que Ichabod não voltou por acaso, seu sangue está conectado ao do Cavaleiro e somos avisados disso por meio de uma aparição de sua esposa falecida, bruxa, por meio de um sonho, em que ela lhe explica absolutamente tudo o que ele precisa saber sobre o Cavaleiro e seus propósitos na Terra. Hum... ok. Não, na verdade não é ok. É péssimo. Assim como os personagens.

Uma das coisas mais legais da história original era o jeito atrapalhado e desengonçado do personagem Ichabod, característica que foi completamente abolida de Sleepy Hollow. O Ichabod de Tom Mison tem um sotaque ótimo e não é exatamente desagradável aos olhos (rs), mas ele é um personagem genérico, não há nada nele, como existe em tantos outros grandes personagens, como o Dr. House, por exemplo, que o torne marcante. O mesmo pode ser dito da tenente Abbie, que faz o tipo de policial cética que precisa ser convencida da existência do sobrenatual mesmo quando a própria acabou por ver com os próprios olhos o Cavaleiro nos primeiros cinco minutos de série (sério, ela viu o Cavaleiro, não faz o menor sentido ela ficar negando e desacreditando Ichabod por boa parte do episódio piloto). Além disso, a atriz é bem mediana. Em alguns momentos a expressão facial da atriz não condiz com o momento, soando falso e caricato.

Nem tecnicamente a série se destaca. A direção tenta fazer algumas coisas interessantes, como o plano subjetivo de um sujeito perdendo sua cabeça ou outro plano com a câmera de cabeça para baixo, mas é tudo muito óbvio ou sem sentido, simplesmente. E quando você precisa empregar uma música misteriosa de fundo a maior parte do episódio para convencer o público de que há algo estranho rolando no ar é porque você está fazendo isso errado, cara! Acho que Sleepy Hollow tinha potencial para ser uma série interessante e divertida, mas não do jeito que está sendo feita, ela se leva a sério demais! Nesse sentido, acho que Tim Burton optou por uma abordagem muito mais interessante em seu filme, contando a história com bom-humor. Enquanto estava vendo o piloto, a vibe que a série me passou foi a mesma de Once Upon a Time, uma série que aborda a fantasia de um jeito divertido e sem se levar muito a sério. Eu não vejo Sleepy Hollow indo muito longe se a série seguir essa linha do episódio piloto. Mas é possível que dure pelo menos uma temporada já que ela fez uma ótima estreia, ganhando a atenção de 10 milhões de espectadores. Além disso, já foi anunciada a participação do incrível John Noble (Fringe) como personagem recorrente, o que deve atrair a atenção de mais pessoas. Enfim, talvez eu continue a acompanhar por mais alguns episódios, ou pelo menos até o Noble aparecer, mas, no geral, não botei muita fé em Sleepy Hollow não. Primeira decepção da fall season. Abaixo, o trailer oficial da série:

http://www.youtube.com/watch?v=1hFg9qS_u3w