Nova série velha: Hannibal - Primeira Temporada (2013)

15.10.13

hannibal1Não contém spoilers.

Com o fim de Breaking Bad, fiquei órfã de série dramática. Na verdade nem é a única que eu acompanhava, já que também vejo True BloodTreme, mas ambas também estão com os dias contados, então bateu uma crise aqui e decidi procurar outra série legal pra assistir. A questão era, qual? Bem, tenho interesse em ver Walking DeadGame of Thrones, mas o fato de terem mais de uma temporada me deixou com sincera preguiça de começar a ver. Eis que pois decidi dar uma chance para Hannibal, que estreou no primeiro semestre desse ano na NBC, fechando sua primeira temporada em junho passado, com singelos 13 episódios. Bem, e cá estou, não me arrependi, a série é ótima mesmo.

Criada por Bryan Fuller – que alguns devem conhecer de Dead Like Me Pushing Daises –, o plot de Hannibal é óbvio: contar a história de um dos serial killers mais assustadores e bizarros da literatura e do cinema. Mas a história começa muito antes dos eventos mostrados nos livros de Thomas Harris, O Silêncio dos Inocentes e Dragão Vermelho. Na série, conhecemos o Hannibal (Mads Mikkelsen) que ainda não foi descoberto pelo mundo, quando – embora já um serial killer – ainda atuava como psiquiatra forense, entrando em contato pela primeira vez com seu "arqui-inimigo", Will Graham (Hugh Dancy), um investigador especial do FBI com uma sensibilidade especial para entender a cabeça dos assassinos, resolvendo casos ao reencenar os crimes em sua cabeça, interpretando os próprios criminosos. hannibal2

Por si só, a série já chama a atenção por esse interessante personagem. Will Graham é incrível! É um gênio da investigação forense e o método que usa para decifrar os crimes é, no mínimo, duvidoso e medonho, já declarando uma dualidade do personagem, que será um dos temas da temporada: poderia Will ser também um psicopata em ascensão? Como se só essa habilidade não fosse forte o bastante para sustentar o personagem, desde o piloto nos deparamos com uma de suas fraquezas: por se envolver demais com os crimes que soluciona, Will precisa de acompanhamento médico para não enlouquecer e é aí que entra o Dr. Hannibal Lecter, com quem o investigador tem consultas semanais. Além disso, ao longo da temporada novas camadas são adicionadas ao personagem – como seu relacionamento intrincado com Alana (Caroline Dhavernas) – tornando-o ainda mais rico e interessante.

Apesar da série levar o nome de Hannibal, o próprio permanece quase como um coadjuvante na trama – quase pois invariavelmente todos os eventos que movem a história adiante estão conectados a Lecter, tornando-o, portanto, o protagonista da série. Mas ao contrário de Dexter, por exemplo, o foco não está no assassino, mas sim na polícia que o investiga e o procura, o que dá a Hannibal um tom de suspense maravilhoso. O público sabe, desde muito cedo, quem é Hannibal, mas não tem conhecimento total sobre suas intenções. Isso, somado ao fato das outras pessoas estarem simplesmente a mercê do serial killer – por desconhecerem sua verdadeira natureza – gera uma tensão, instaurada já no episódio piloto, que cresce até um nível absurdamente insano no episódio final da temporada.

Além dos dois, temos outros personagens importantes, como o chefe de Will, Jack Crawford (Lawrence Fishburne); a Dr. Alana Bloom, amiga e colega de Will; a redatora de um blog sensacionalista sobre crimes Freddie Lounds (Lara Jean Chorostecki), entre outros. E é interessante perceber que ninguém sobra na série, Bryan Fuller realmente trabalhou no desenvolvimento dessa temporada, todos os personagens têm importância na trama e nenhum episódio é dispensável e está ali apenas pra fazer volume: tudo foi muito bem arquitetado, o que se torna ainda mais evidente quando Fuller diz que planejou sete temporadas para a série, sendo as três primeiras de material inédito, a quarta envolvendo os eventos do livro Dragão Vermelho, a quinta, de O Silêncio dos Inocentes, a sexta, de Hannibal, e a sétima de material inédito dando um destino ao personagem. Se ele vai conseguir cumprir o que planejou é outra conversa – ele ainda não conseguiu os direitos para usar a personagem Clarice Starling, que pertencem à MGM, por exemplo –, mas só de ver que há um planejamento por trás de tudo já dá um estímulo a mais para acompanhar a série (ninguém quer ver um final como o de Dexter de novo, certo?) hannibal3

O elenco da série é ótimo, vindo, em sua maioria do cinema, como é o caso de Mads Mikkelsen (A Caça), Laurence Fishburne (Matrix) e Hugh Dancy (Adam), mas a parte técnica de Hannibal também é digna de elogios. O clima que se instala na série é de uma sobriedade e é tão sombrio, que é preciso se reconhecer o trabalho da direção de arte, fotografia e som da série. Os crimes retratados – com destaque para o mais nojento de todos, das pessoas plantadas do segundo episódio –, assim como os ambientes internos, como o consultório de Lecter, foram criados com muito cuidado e criam uma identidade visual uniforme pra série, apenas confirmada pela fotografia sombria adotada ao longo da temporada inteira. Um som sinistro está sempre presente ao fundo, lembrando bastante O Iluminado, ao qual o show faz referência pelo menos duas vezes em duas cenas que se passam em cenários parecidos com os do filme de Kubrick.

Sem entrar em detalhes sobre o fim da temporada, que é bastante surpreendente, chego ao fim desse post meio que de resenha/apresentação da série. Não digo que estou viciada em Hannibal, acho que vai demorar um certo tempo pra que alguma série me prenda a atenção como foi o caso de Breaking Bad, mas sem dúvida é uma série com muito potencial e com qualidade muito superior às próprias estreias desse fall season, como o caso da fraca Sleepy Hollow. Vale a pena acompanhar, ainda mais que ela tem apenas uma temporada de ridículos 13 episódios – eu vi a série em três ou quatro dias, pois a história realmente prende e os episódios passam rápido.  Fiquem com o trailer e com a dica. ;-)

http://www.youtube.com/watch?v=2HW9rtFYsEw

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